O governo chinês colocou à disposição do mercado 4 milhões de toneladas de trigo na semana passada
O tesouro nacional realizou seu primeiro leilão de títulos públicos do ano e o resultado foi MUITO MELHOR QUE O ESPERADO.
Nesse primeiro leilão o Tesouro colocou o equivalente a 5.5 bilhões de reais em notas com vencimentos para 2026, 2030 e 2055. Dois pontos podem ser comemorados:
1) Ao contrário do vinha ocorrendo durante todo ano de 2020, as emissões foram longas, evitando assim novo encurtamento da dívida mobiliária federal;
2) As taxas mais longas não subiram como muitos investidores e analistas vinham alardeando. As taxas para 2030 e 2055 até recuaram, sinal de que a demanda superou a of erta de papeis.
Apesar do sucesso do primeiro leilão, ainda há muito por fazer.
DESAFIOS
O ano de 2021 será de grandes desafios para o tesouro, o qual testará seguidamente o apetite do mercado para seus papéis. Desafios:
1) Segundo dados do próprio Tesouro, em 2021 irão vencer o equivalente a 28.1% do total da dívida, algo próximo a 1.3 trilhão de reais contra 16.3% no início de 2019. Muitos irão lembrar que cenário parecido (em termos de encurtamento da dívida federal) ocorreu durante a transição para o 1o mandato do governo Lula em 2003, quando o tesouro tinha a missão de rolar mais de 1/3 da dívida mobiliária no período de um ano;
2) Outro desafio será a mudança de mecanismo de financiamento. Durante 2020, como forma de não incorrer em taxas elevadas, o Tesouro optou por utilizar das emissões de compromissadas de curto prazo, mecanismo que o BC se utiliza para emissão e transferência de ganhos contábeis de suas reservas ao Tesouro. Podemos dizer que esse é o mecanismo tupiniquim de facilitação quantitativa adotado pelos BC's lá fora. No entanto, tal mecanismo resulta em crescimento do balanço do BC e encurtamento da dívida - MERCADO ADVERTE, USE COM MODERAÇÃO.
3) Outro desafio é redução da participação do investidor estrangeiro (dinheiro novo), participação essa que não para de cair nos últimos anos, chegando a 9.5% do total, queda de 2 pontos em 2020. Na contramão temos as instituições financeiras com quase 27% e crescendo. A atração de investidores estrangeiros é muito importante, uma vez que a disputa por rendimento trará consequentemente o tão almejado alongamento da dívida, assim como também menor pressão por rendimentos mais elevados.
CENÁRIO
E o que se pode esperar para 2021? O primeiro teste foi muito positivo, mas ainda há muito pela frente. Alguns pontos podem ajudar muito o Tesouro nessa difícil tarefa:
1) Não é preciso dizer que a continuidade das reformas ajudariam muito na melhora do perfil da dívida federal, especialmente aquelas que trazem melhora nos gastos públicos e aumento da produtividade total da economia. A lista é longa e de amplo conhecimento;
2) Do lado externo há uma lista muito importante de fatores, itens que podem se combinar trazendo um cenário mais favorável ao Brasil:
PONDERAÇÕES
O ano começou bem para o tesouro brasileiro, porém se considerarmos que o ano de 2021 é uma prova de 100 metros, poderíamos dizer que o tesouro se saiu bem ao não queimar a largada. Assim, ainda há muito a ser feito em termos de gestão da dívida (melhor dizendo, rolagem da mesma), gestão essa que pode receber ventos de popa muito positivos vindos de fora (China), o que facilitaria muito o trabalho do Tesouro.
No final, o que queremos e esperamos é a rolagem total dos quase 1.3 trilhões de papeis vincendos, porém o sucesso será medido através da idade média da dívida e seu custo. A torcida é grande. Começamos bem.